sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Limitação de meias-entradas coloca a faca e o queijo na mão dos gigantes do entretenimento

 Faca e o queijo na mão.

Nunca essa expressão foi tão saborosa para as produtoras de shows e eventos. A presidente Dilma Rouseff (PT) sancionou o Estatuto da Juventude. A lei, que passa a vigorar daqui 180 dias, têm entre seus dispositivos um ponto polêmico: a limitação em 40% no benefício da meia-entrada para estudantes em eventos artísticos culturais. Além disso, o texto também engloba jovens de 15 a 29 anos inscritos no Cadastro Único de programas sociais do governo e que tenham renda inferior a dois salários mínimos. Legal.

A medida foi defendida com unhas e dentes por empresários, artistas, e produtores. Para eles, a aprovação da lei poderia garantir redução de 30% nos preços dos ingressos oferecidos atualmente. No último post do blog, demonstrei total desconfiança com esse discurso. Afinal, nunca vi empresa que não absorva ganho financeiro com lucro.

Não estou defendendo a carteirinha de estudante, que é completamente banalizada, vendida em qualquer esquina. A produção do festival Lollapalooza, afirmou, por exemplo, que o evento no Brasil neste ano teve 90% de meias-entradas. Absurdo. E as empresas não perderam o bonde, claro. A lógica da ilegalidade já havia sido captada há tempos. Se a maioria das vendas é de meias-entradas, vamos aumentar o preço delas, ora. E foi o que se fez em longa escala.

Neste ponto do Estatuto da Juventude o governo deu o ponto, mas esqueceu de dar o nó. Passou a mão na cabeça de empresários, prometeu boas novas para as entidades estudantis (daqui seis meses), e deixou para lá a discussão sobre as milhões de carteirinhas ilegais. Assim, montou a mesa para os especuladores do entretenimento que já acrescentam outros ingredientes para o ingresso permanecer salgado: “Alta do dólar, impostos, falta de infraestrutura adequada para a realização de eventos de grande porte e os altos custos de produção”.

Agora, na hora de comprar um ingresso, quem me garante o término nos 40% de meias- entradas? “Sumiram em dez minutos pela internet”, podem justificar. Quem vai fiscalizar?   Quem decide o aperto na corrente é a produtora. Aguardamos a redução no preço sentados. Enquanto isso, o jeito é propor um boicote nos shows dos ídolos em nome de um processo mais transparente e um ingresso mais barato.

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