quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Pink Floyd e o rio de rancor sem fim

Gilmour e Waters em 2010
Era para ser um tributo ao tecladista Richard Wright, mas o álbum "Endless River", décimo quinto do Pink Floyd traz a impressão de um rio de ressentimentos.  O vídeo de “Louder Than Words”, única faixa com letra, faz pensar mais na disputa entre Roger Waters e David Gilmour do que na homenagem ao integrante falecido em 2008.


A narrativa remete a navegação entre nuvens, jogando no ar o elo infindável existente no trio. Não há menção a Waters, ou sombra que a banda um dia foi um quarteto. O rio sem fim é uma corredeira de rancor misturada a saudade - que, inclusive, já está disponível para venda.

Quando o grupo rompeu em meados dos anos 1980 e Waters tentou impedir que seus companheiros usassem o nome Pink Floyd, a banda ficou diminuída a figura totalitarista que sempre criticaram. De um lado Waters, de outro Gilmour e Cia. Ninguém é bom moço nessa rusga que envolve, antes de tudo, a marca da liderança criativa da banda (eleita em uma figura); e milhões de dólares que colocam em segundo plano a fonte desta riqueza: seus seguidores, fãs de três gerações.   

O fato dos desafetos terem tocado juntos em 2010 e em outras duas ocasiões anteriores não pavimentou o fim da cisão, tampouco gerou reconhecimento do passado glorioso e do talento alheio na construção de um mito que vende dez mil cópias por semana, somente do disco “Dark Side of The Moon”. No final das contas, o dinheiro e a pretensão de superioridade pessoal de Waters e Gilmour ecoam mais alto do que quaisquer palavras.   

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