Há 5 meses a
frente da prefeitura de São Paulo, a administração de Fernando Haddad (PT) na área
cultural deixa a desejar. O ‘novo tempo’ para a cultura ainda não mostrou a
cara. Para piorar, a Virada Cultural deste ano aumentou gastos, diminuiu atrações
e ficou concentrada na região central da cidade.
O orçamento da festa em 2013, subiu de R$ 7,5 milhões para R$ 10
milhões, mas os eventos foram diminuídos em 16%. Nesta edição foram cortados todos os Centros Educacionais Unificados (CÉUs), que em 2012, reuniram 162 atrações. O secretário municipal de
Cultura, Juca Ferreira, justifica que o antigo modelo levava a dispersão e
explica: “O que nós não queremos é que a periferia tenha de ficar na periferia.
Queremos que as pessoas que moram lá venham até a Virada”, frisou.
A explicação de
Ferreira é razoável. Só que o morador de uma área mais afastada (como eu) sabe das
dificuldades de retornar para casa na madrugada. Como em outras edições, o metrô
fecha meia noite e só funcionará a partir das 4h40. Para pegar um ônibus, boa
sorte. Nesse meio tempo, o número de passageiros aguardando sua vez só aumenta, e
conseguir um espaço no coletivo é uma luta incessante. Adeus, diversão. Além disso, essa concentração dificulta a locomoção de um palco para outro. É o efeito 'panela de pressão', que já ocorreu em anos anteriores. Os eventos deveriam ser espalhados por toda a cidade, levando o acesso a cultura a todos os bairros.
Em seu plano de
governo que ainda nem completou um ano de vida, Haddad prometeu a “ampliação da
virada cultural, mais descentralizada e periódica”. Será que este ano ainda
veremos essa ‘periodicidade cultural’, ou esperaremos até 2014 pela mesma
Virada Cultural? O prefeito que pretende levar empregos para a periferia,
melhorando a mobilidade e fortalecendo essas regiões com o ‘arco do futuro’
(espero que se concretize), esqueceu-se da cultura, por enquanto. Uma pena.
Destaques musicais
da Virada
O entusiasta do
rock, este ano desanimou. No palco São João, Billy Cox & Edgar Scandurra fazem homenagem a Jimi Hendrix. Mais tarde, a banda Mondo Generator, do
ex-baixista do Queens of the Stone Age, talvez anime (00h). O progressivo inglês
dos desconhecidos do Nektar e membros do Van Der Graaf Generator também. (a partir das 16h) É pouco.
No palco Júlio
Prestes, Gal Costa se apresenta às 21h. O funk de George Clinton (3h), apesar
do horário ingrato, é uma boa. Na miscelânea que o lugar se transformará ainda irão
tocar Sérgio Reis & Renato Teixeira (9h), Criolo (12) e Racionais Mcs (15h).
Bacana.
No Pátio do Colégio,
alguns destaques verde-amarelos. O som dos paraibanos do Cabruêra (2h) é
satisfação certa. Mombojó (8h), Céu (16h) e Otto (18h), também merecem atenção.
No palco Casper Líbero, Andréia Dias toca às 16h. No mercado municipal, além da
boa comida, muito choro. Vale a pena.
Em outros nichos
culturais, haverá teatro de rua na Liberó Badaró x Avenida São João, cortejos e
intervenções saindo do Anhangabaú, e stand up comedy na Sé. Mesmo que nada
agrade, sair de casa e dar uma passada por lá é válido, apesar de algumas
derrapadas dos nove curadores e da prefeitura. Mas pode melhorar. É o que esperamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário